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11:03, qui nov 21

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Assuntos Gerais


Programas de aceleração de tecnologias químicas em universidades: importância para a formação de químicos empreendedores, licenciamento de tecnologias e criação de startups
Chemical technology acceleration programs in universities: importance for the training of entrepreneur chemists, technology licensing and startups creation

Yasmim Rodrigues dos Santos; Rafaela Leal Pereira; Eduarda Rezende Barbosa; Ana Paula de Carvalho Teixeira;
Rochel Montero Lago*; Fabiano Gomes Ferreira de Paula*

Centro de Escalonamento de Tecnologias e Modelagem de Negócios (Escalab), 31035-199 Belo Horizonte - MG, Brasil

Recebido: 09/04/2024
Aceito: 05/08/2024
Publicado online: 24/09/2024

Endereço para correspondência

*e-mail: rochellago@ufmg.br; fabianogfp@escalab.com.br

RESUMO

This paper presents the stages of an acceleration program focused on chemical technologies. We demonstrate how this initiative contributes to the creation of new businesses, startups, and technology licensing from research developed at Brazilian universities. The case of the program Escale-se is discussed. There were 66 technologies submitted, and 14 were selected for the pre-acceleration phase. In this phase, various contents were worked on, such as creating a business model and aspects of scaling hard-science technologies. Teams were evaluated by panels with market specialists, and 6 were selected for the second phase: pre-scaling/proof of concept. Here, proponents were encouraged to validate the business model by connecting with potential clients and partners, as well as planning the development and testing of the product in a relevant environment. Finally, one team was classified for the last stage: scaling/go-to-market - where they received R$ 100,000.00 to scale up their technology and create strategies for raising investments. Four of the fourteen technologies selected for the program opened National Register of Legal Entities (CNPJ) and raised approximately R$ 4.5 M in investments from different sources. These results demonstrate that the methodology contributed to the entrepreneurial development of participating researchers and the raising of funds for the businesses created.

Palavras-chave: acceleration programs; startup; innovation; entrepreneurship.

INTRODUÇÃO

As universidades e a pesquisa científica têm um papel muito importante para impulsionar o desenvolvimento de um país.1 O Brasil é a 12ª economia no mundo, com uma produção científica compatível, ocupando a 13ª posição na publicação global de artigos científicos indexados na base Web of Science no período de 2015 a 2020.2 Apesar da crescente produção de conhecimento científico, o Brasil, infelizmente, ainda ocupa a 49ª posição no índice global de inovação.3 Um aspecto importante que pode ser a causa para a discrepância entre a produção científica e o índice de inovação é referente aos grandes desafios em transformar conhecimento acadêmico em tecnologias e levá-las para o mercado.

As universidades brasileiras têm hoje um grande número de tecnologias com enorme potencial "envelhecendo" em patentes não licenciadas, em artigos publicados e em dissertações e teses arquivadas em nossas bibliotecas. Por que não conseguimos levar essas tecnologias para o mercado para que possam gerar desenvolvimento, empregos de qualidade e renda? Existem muitos fatores que contribuem para a dificuldade da academia levar tecnologias para as indústrias, mas um que merece destaque está relacionado ao preparo dos pesquisadores e seus alunos para pensar em termos de mercado. Pesquisadores e seus alunos são fundamentais nesse processo, pois tudo começa com eles: o interesse em desenvolver tecnologias aplicadas, a iniciativa em buscar e interagir com indústrias, o esforço em transpor todas as barreiras no longo e difícil caminho para chegar até o mercado. Sem a participação efetiva dos pesquisadores e de seus alunos, o processo de transferência de tecnologia para o mercado não acontece na imensa maioria dos casos.

Além disso, tecnologias conhecidas como hard science que envolvem, por exemplo, "ciências duras" como química, física e as engenharias, têm riscos tecnológicos de processo e de mercado muito particulares.4 Portanto, dois aspectos são de grande importância para levar tecnologias das universidades para o mercado: motivar e preparar pesquisadores e alunos para o caminho empreendedor e orientar os passos e ferramentas para transformar tecnologias hard science em produtos e processos que possam ir para a indústria e para o mercado.

Neste contexto, o Escalab desenvolveu os programas de aceleração de tecnologias, especialmente focados em pesquisadores da área de química e afins com etapas e ferramentas completamente adaptadas para o desenvolvimento de tecnologias químicas até a sua chegada ao mercado (Figura 1). O resultado que se espera com esses programas de aceleração de tecnologias é a formação de pesquisadores e alunos com o perfil empreendedor, tecnologias melhor preparadas e avaliadas para serem licenciadas para indústrias ou para a criação de spinoffs acadêmicas que são empresas de base tecnológica (chamadas comumente de startups).

 

 

O Escalab (www.escalab.com.br), criado com recursos do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Midas, é um Centro de Inovação do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que se localiza dentro do Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) Senai em Belo Horizonte e nas dependências do Departamento de Química. O Escalab é um centro de escalonamento de tecnologias e modelagem de negócios que tem a missão de fazer a ponte entre as pesquisas realizadas nas bancadas de nossas universidades até a indústria. Para alcançar este objetivo foram desenvolvidas metodologias para o escalonamento como: aumento de escala da tecnologia, em paralelo com estudos de viabilidade técnica e econômica e desenvolvimento de um modelo de negócios. O Escalab presta serviços para universidades e indústrias que vão desde o desenvolvimento de tecnologias (mapeamento tecnológico, pesquisa e desenvolvimento (P&D), escalonamento para protótipos e plantas pilotos), até programas de inovação aberta com indústrias, onde pesquisadores de ICTs de todo Brasil são selecionados para desenvolver desafios apresentados por indústrias, e os programas de pré-aceleração e aceleração de tecnologias, que são objetos deste artigo.

No artigo "Processo de Inovação Para Tecnologias Químicas Nascidas em Universidades: Ações do Laboratório Escalab-UFMG" (publicado na Química Nova), Lago e colaboradores5 discutem como o Escalab desenvolve essas tecnologias e que os programas de aceleração representam um caminho possível para tal. Neste artigo descrevemos para a comunidade de química, o funcionamento de um programa de pré-aceleração e aceleração em mais detalhes, usando como estudo de caso o Programa Escale-se, que foi executado por meio de um edital FAPEMIG pelo Escalab.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Programas de pré-aceleração e aceleração já executados pelo Escalab

O Escalab tem executado desde 2018 diferentes programas de aceleração de tecnologias em Minas Gerais e no Brasil (Tabela 1).

 

 

O Laboratório de Negócios Midas foi um programa de pré-aceleração executado pelo Escalab criado para o INCT Midas. O objetivo foi avaliar o potencial mercadológico de tecnologias desenvolvidas nos 32 laboratórios dos pesquisadores do INCT Midas de diferentes instituições do Brasil. Foram inscritas 41 tecnologias e selecionadas 10 que, durante os 3 meses do programa, desenvolveram modelos de negócios, validaram suas premissas com empresas no mercado e buscaram investidores. Ao final, duas tecnologias foram selecionadas para o escalonamento e prova de conceito. A Zaoki desenvolveu um catalisador à base de nanofibras de carbono para purificar biogás e, para tal, foi necessário a construção de um reator contínuo com capacidade de 5 kg h-1 para operar até 1000 ºC em atmosfera controlada (Figura 2a). Este trabalho resultou em uma dissertaçao de mestrado, patente, publicações e testes preliminares realizados em uma fazenda de suinocultura em Minas Gerais. A outra tecnologia chamada Iara, consiste em um sistema de tratamento de água para ser instalado e operado por comunidades em situação crítica de fornecimento de água potável. Foram feitas duas plantas, de 1000 L elétrica e uma planta manual de 50 L, além de uma dissertação defendida (Figuras 2b e 2c). Além disso, esse projeto foi selecionado em um edital interno da UFMG para auxiliar no desenvolvimento da tecnologia.

 

 

De forma similar, novamente em parceira com o INCT Midas, foi criado o Programa SBQ Acelera com apoio de duas empresas, Oxiteno e Rhodia Solvay, da Associação Brasileira da Indústria Química - Abiquim e da Sociedade Brasileira e Química (SBQ). Foram recebidas 42 inscrições de tecnologias de todo o Brasil, 10 foram selecionadas e participaram de um programa de pré-aceleração por 4 meses. O resultado desse programa foi 1 tecnologia que iniciou o processo de teste com uma empresa e a criação de uma startup, Repair Nanotech, na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) que seguiu para um programa de aceleração na Fundação Biominas com investimento de um parceiro privado.

Já o programa Escale-se foi realizado utilizando recursos de um edital FAPEMIG com o objetivo de mapear e acelerar para o mercado tecnologias em hard science desenvolvidas em ICTs mineiras. Ao final, a equipe finalista receberia R$ 100.000,00 para o escalonamento da tecnologia e entrada no mercado. A RHI Magnesita foi uma apoiadora do programa. Esta edição do Escale-se será descrita em mais detalhes neste artigo.

A segunda edição do Escale-se, o Summit, teve como foco a busca por tecnologias sustentáveis em todo o Brasil. Assim, como a primeira edição, o Summit teve alguns apoiadores: Supergasbras interessada em "Tecnologias para a Produção de Biopropano e Biobutano a Partir de Biomassa Nacional" e o MCTI Granioter interessado em "Tecnologias de Materiais Avançados com Aplicações para Sustentabilidade". Foram 70 soluções inscritas e 10 selecionadas (4 com Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) abertos - startups).

Outro programa de pré-aceleração realizado foi com o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Biodiversidade e Produtos Naturais (INCT Bionat), uma rede formada por mais de 50 pesquisadores com foco nas pesquisas em produtos naturais da biodiversidade brasileira. Com o objetivo de avançar no desenvolvimento dessas tecnologias e na criação de startups e/ou transferência de tecnologias, uma parceria foi firmada com o Escalab. Assim, neste momento, estão sendo trabalhados conteúdos para desenvolvimento do modelo de negócios e também conteúdos técnicos para o escalonamento dessas tecnologias.

Etapas de um programa Escalab de aceleração

O percurso até o mercado para tecnologias na área de química, que se enquadram em hard science, tem características próprias, com elementos específicos de desenvolvimento, técnicos, econômicos e mercadológicos.

Um programa Escalab de aceleração de tecnologias tem 5 fases principais: Fase 1 - mapeamento e seleção de tecnologias, Fase 2 - pré- aceleração de tecnologias, Fase 3 - pré-escalonamento/POC, Fase 4 - escalonamento e Fase 5 - tecnologias "go-to-market". A Figura 3 mostra essas fases e suas principais atividades, correlacionando com o TRL (technology readiness level, indica o nível de maturidade das tecnologias).6

 

 

Fase 1: Mapeamento e seleção

Esta fase envolve a publicação de um edital/regulamento contendo todas as informações e regras relativas ao processo de aceleração. Uma divulgação assertiva é fundamental para trazer bons projetos para o programa de aceleração. Três aspectos são de grande importância para a seleção: a equipe (professores e alunos que irão se envolver no programa), tecnologia e seu potencial de mercado (Figura 4).

 

 

O processo de seleção ocorre por meio da análise de formulários respondidos na inscrição e uma entrevista online rápida de 15-20 min. Da "Equipe" é requisito fundamental ter a participação de 2-4 pessoas (pesquisador e alunos de pós-doutorado, mestrado, doutorado ou graduação) e dedicação/disponibilidade, uma vez que o programa demanda uma dedicação relativamente grande da equipe (entre 4-8 h/semana). Além disso, é desejável (não imprescindível) que os inscritos tenham:

(i) Perfis complementares, por exemplo, ter na equipe formações diferentes (além de químicos), pessoas que tenham competência em diferentes áreas de gestão, comercial, comunicação, financeiro, etc. É comum que as pessoas desenvolvam essas habilidades em diferentes áreas durante o programa de aceleração;

(ii) Experiência com startups ou indústria: ter na equipe pessoas que já participaram de inciativas de criação de startups ou já tiveram experiência em indústrias.

Na entrevista online, busca-se perceber o "entusiasmo" e motivação da equipe com a tecnologia e com a possibilidade de se criar uma startup ou transferir a tecnologia. Apesar de ser uma avaliação subjetiva, esse entusiasmo constuma ter algum peso na avaliação.

Os critérios de "Tecnologia e Processo" estão relacionados à maturidade da tecnologia, ou seja, em qual nível TRL a solução se encontra, se foi patenteada, se a tecnologia representa uma inovação real ao que já existe como solução, se já foram realizadas provas de conceito em laboratório ou ambientes relevantes e se a equipe possui conhecimento claro dos próximos passos para o desenvolvimento do produto/processo.

Além disso, também são avaliados critérios de "Potencial de Mercado" onde busca-se entender se as equipes conhecem seus clientes e sua segmentação, ou seja, qual indústria vai utilizar a tecnologia; a dor/oportunidade, se a tecnologia proposta realmente está relacionada à alguma demanda real e urgente dos clientes. Na avaliação considera-se se a tecnologia proposta possui diferenciais ao que é feito atualmente pelos concorrentes (proposta de valor) e se durante o desenvolvimento a equipe conversou com possíveis clientes ou parte da pesquisa foi realizada em co-desenvolvimento com alguma empresa. Todos esses aspectos são avaliados pela banca por meio do formulário preenchido e da entrevista.

Após a seleção das equipes (tipicamente são selecionadas entre 5-15 equipes, de 40-80 pessoas inscritas em um programa) tem início a fase 2 da pré-aceleração.

Fase 2: Pré-aceleração

Nesta fase, a metodologia é dividida em conteúdos de mercado - cujo foco é o desenvolvimento do negócio - e conteúdos de tecnologia - foco no desenvolvimento do produto/processo e na preparação para os aumentos de escala. A tecnologia precisa aumentar 1 nível na sua escala TRL e esse processo pode levar de 3-4 meses em um programa do Escalab.

No módulo mercado são trabalhados alguns aspectos importantes como:

(i) Definição de dor: qual é a grande "dor" ou o grande problema que sua tecnologia resolve? A tecnologia tem potencial se alguém tiver uma grande dor e quiser pagar para que alguém a resolva. Isso se traduz em uma grande oportunidade. Se não é possível definir uma dor clara, pode ser que para aquela aplicação proposta, a tecnologia não represente, no momento, uma oportunidade.

(ii) Definição de cliente: se foi identificada uma dor clara, o seu cliente é quem sofre com esta dor. É importante mapear quem é seu cliente, quantos são, onde estão e entender como pensam. Aqui é possível utilizar duas ferramentas: mapa de empatia e Canvas de proposta de valor. Qual a proposta de valor a tecnologia oferece para o cliente? Também é muito relevante saber quem são seus concorrentes.7 O que eles têm de melhor e de pior quando comparado com a sua tecnologia? Quem serão os fornecedores que permitirão que a tecnologia possa chegar ao mercado? É indispensável mapear os fornecedores e fazer um levantamento de seus preços. A partir daí vem um outro aspecto determinante da tecnologia que é o modelo de negócio: qual será o modelo de negócio? Essa pergunta pode se traduzir em: como se pretende ganhar dinheiro? O que será vendido e como?

Posto isso, é possível discutir se a tecnologia é viável do ponto de vista econômico e mercadológico. Todo o trabalho é acompanhado por um intenso processo de validação. Tudo o que for assumido sobre a dor, cliente, fornecedor, modelo de negócio tem que ser, necessariamente, validado com pessoas do mercado. A validação é algo fundamental para o negócio da futura empresa e deve ser feito com muito cuidado, para realizar essa validação existem diferentes estratégias e metodologias que podem ser exploradas conforme as especificidades de cada tecnologia.8

Finalmente, o empreendedor tem que desenvolver uma das competências mais importantes para aqueles que querem abrir uma startup: a comunicação. Comunicar de forma assertiva a ideia de uma startup é uma arte e tem que ser desenvolvida e praticada ao extremo. O empreendedor pode ter uma tecnologia incrível, uma ideia de negócio fantástica, mas se não comunicar bem, há grandes chances de que essa ideia não saia do papel. Para isso, são criadas apresentações na forma de Pitch em que os participantes apresentam a solução para a equipe do programa e uma banca externa convidada (pessoas do mercado e investidores).

Paralelo ao módulo de mercado, é necessário fazer algumas adaptações da tecnologia para a aplicação pretendida. Esses são os conteúdos de tecnologia da pré-aceleração. Para o produto definido, deve ser realizada uma prova de conceito laboratorial, ou seja, é preciso reproduzir o desempenho da tecnologia utilizando reagentes comerciais (substitui-se o uso dos reagentes P.A. utilizados na pesquisa), o produto deve ser testado com sua funcionalidade comparando com soluções já existentes no mercado e em condições próximas ao real. Além da POC laboratorial, é importante uma análise de riscos do processo como um todo, analisando se as operações utilizadas são reprodutíveis em escalas superiores, a disponibilidade dos reagentes utilizados e suas restrições, bem como a produção de efluentes e coprodutos.

Fase 3: Pré-escalonamento/POC

Definido o modelo de negócios e finalizados os testes em laboratório, entramos na fase de validação do produto em ambiente real. Neste momento, pode ser muito interessante desenvolver um MVP (mínimo produto viável) com o objetivo de ser levado a um cliente para que possa ser testado em condições reais.9 Isso seria o que se chama de POC (prova de conceito ou "proof of concept"). Testar um produto com cliente neste estágio é muito bom para definir melhor as características do produto. Se tudo se mostrar muito interessante nos aspectos econômicos, comerciais e técnicos, é hora de pensar seriamente em ir para a próxima fase: escala piloto. Ou seja, produzir quilos de produtos e testar com vários clientes. Para ir à escala piloto precisa ser feito o dimensionamento do tamanho dessa planta, criar então um projeto executivo onde vai ser estimado o custo dos equipamentos e da infraestrutura (CAPEX), bem como de operação - montagem, insumos para lotes testes, logística, etc., (OPEX).10,11 Para realizar estas etapas, contatos com várias empresas são necessários e é um momento crucial para validar todas as premissas do modelo de negócios e das propostas de valor do seu produto.

Fase 4: Escalonamento

Para avançar para essa fase é necessário ter uma boa segurança de que se tem uma tecnologia promissora e que a oportunidade de mercado é muito boa. A fase de escalonamento é muito mais complexa e cara que a pré-aceleração. Nessa fase, os químicos acadêmicos têm que sair completamente de sua zona de conforto e terão que responder perguntas que não estão acostumados. A tecnologia está em TRL5 e tem que chegar em TRL6 ou 7, e esse processo pode levar de 6-12 meses em um programa do Escalab.

Na parte tecnológica ocorre a construção e operação de planta piloto, e a obtenção dos primeiros lotes de produto para testes com clientes (POC).

A partir de todas essas informações, já é possível construir um "business plan" que tem todas essas informações compiladas e é um documento base para apresentar a investidores e parceiros.12,13 A ideia é obter um investimento de alguns milhões para colocar o negócio de pé.

Fase 5: Go-to-market

Nesta fase o objetivo é fazer as primeiras vendas. É necessário criar o CNPJ da empresa e passar pelo processo crítico de licenciar a tecnologia/patente da Universidade para a empresa. Até recentemente, a licença da patente para a empresa criada pelo prório pesquisador não era permitida, mas agora existem alguns casos permitidos pela Advocacia-Geral da União (AGU).14 Em alguns casos a licença com exclusividade é de grande importância para obter-se investidores. A partir desse momento, é necessário ter uma boa definição da estratégia/operação comercial, montagem de time completo da empresa e realizar as primeiras vendas. Sendo assim, pode-se fazer um "road-show" para buscar investidores. Na parte mais tecnológica, começa-se a etapa da montagem de uma pequena unidade produtiva e a pensar na otimização da tecnologia para escala industrial. Nesta fase, a tecnologia está em TRL6 e tem que chegar em TRL7, ou mais, e esse processo pode levar também de 6-12 meses em um programa do Escalab.

Discussão de CASE

Descrição do programa Escale-se

O Escale-se é um programa de aceleração de tecnologias criado pelo Escalab a partir de um projeto submetido para o Edital No. 007/2019 - Programa de Apoio a Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas da FAPEMIG. Neste projeto o objetivo foi escalonar projetos de instituições de pesquisas científicas e tecnológicas, das universidades e/ou dos centros de pesquisa de Minas Gerais. Sendo assim, pesquisadores, professores, alunos de graduação e pós-graduação de instituições do estado de Minas Gerais estariam aptos a participar do programa. Além da execução do programa, previa-se R$ 100.000,00 a serem investidos na equipe finalista para a fase de escalonamento (Fase 4) e teste de sua tecnologia.

Projetos inscritos no Escale-se

Definidos os desafios e objetivos do programa foi iniciada a divulgação do programa por meio de lives, publicações em redes sociais e envio de e-mails. Ao final da etapa de inscrições chegou-se a 62 propostas inscritas. Na Figura 5 temos a distribuição dessas inscrições que vieram de 18 diferentes instituições de ensino de Minas Gerais.

 

 

As áreas temáticas das tecnologias inscritas podem ser vistas na Figura 6. As áreas mais frequentes foram química, materiais, ambiental, engenharia química, e outras mais distantes da química como engenharia mecânica e administração.

 

 

A etapa de seleção das tecnologias aconteceu em junho de 2021 por meio da análise dos formulários e, das 62 propostas inscritas, foram para a fase de entrevistas 34 equipes. As entrevistas tiveram como foco conhecer melhor as tecnologias, avaliar a maturidade da tecnologia, o potencial de mercado e disponibilidade da equipe executora. Foram selecionadas 14 equipes para a primeira fase do programa.

A pré-aceleração Escale-se

A pré-aceleração teve início com 14 equipes de 7 universidades diferentes, sendo elas: Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). O programa é bastante imersivo com atividades durante todas as semanas de execução (Figura 7). Durante os 4 meses dessa primeira fase, as atividades foram agrupadas em:

(i) Curso em plataforma online de pré-aceleração (curso de 20 h);

(ii) Curso em plataforma online de desenvolvimento técnico e escalonamento do Escalab;

(iii) Encontros semanais de 1 h com facilitadores Escalab;

(iv) Encontros quinzenais ou mensais de 1 h com mentores de mercado;

(v) Bancas avaliadoras e Pitch day;

(vi) Lives e encontros síncronos para tratar de assuntos específicos, trazendo convidados e especialistas (Escalab Talks).

 

 

Os conteúdos teóricos do programa, sejam os de mercado (pré-aceleração) ou os tecnológicos (POC/pré-escalonamento e escalonamento), são gravados e disponibilizados nas plataformas do Escalab. Além disso, todas as semanas as equipes têm 1 h de reunião com o time de execução do programa para discussões sobre o desenvolvimento das atividades, dúvidas e também para trazer demandas, como, por exemplo, conexões necessárias para validações do modelo de negócios.

Durante o programa é comum que algumas equipes tenham demandas de conteúdo específicas de acordo com sua área ou momento de desenvolvimento. Para essas demandas, são trazidos convidados e especialistas em áreas específicas para abordar assuntos solicitados. Os conteúdos comuns a mais de uma equipe são ministrados na forma de lives para todos os participantes, caso seja um tópico mais singular, é feita uma mentoria específica com a equipe solicitante.

Por último, desde o início do programa, as equipes preparam uma apresentação curta, Pitch de 5 min, onde todas as informações pertinentes do negócio e da tecnologia são apresentadas. Bancas externas são montadas com convidados especialistas do mercado para avaliar as equipes e dar opiniões sobre o desenvolvimento e modelo de negócios em construção.

O curso de pré-aceleração disponibilizado apresenta uma divisão em 5 módulos, sendo eles: Vision/team fit, Problem/solution, Product/market fit I, Product/market fit II e Business fit (Figura 8).15

 

 

Durante o conteúdo de pré-aceleração, usou-se a ferramenta Lean Canvas13 (Figura 9) para desenvolver os modelos de negócios a partir das tecnologias dos pesquisadores. O Lean Canvas é dividido em blocos, onde cada um traz reflexões sobre o negócio a ser construído. Por exemplo, os blocos Problema, Solução e Proposta de Valor trabalham, respectivamente, as seguintes reflexões: "Qual o problema que sua solução resolve? Esse problema possui prioridade para o seu cliente?", "Como sua solução resolve o problema do cliente?" e "Qual diferencial da sua solução, o que ela oferece de diferente ou melhor quando comparada as outras soluções que são utilizadas hoje pelo cliente?".16

 

 

Os conteúdos dos módulos foram divididos e disponibilizados a cada semana para as equipes. Essa atividade estava diretamente conectada com os encontros semanais com facilitadores do time Escalab, que contribuíam para o desenvolvimento, discutiam as atividades e dinâmicas e auxiliavam no desenvolvimento do negócio.

O curso com conteúdos tecnológicos do Escalab (Figura 10) tinha por objetivo auxiliar no escalonamento da tecnologia e, nessa primeira fase do Escale-se, trazer todos os conceitos de prova de conceito laboratorial, ou seja, organizar as informações e preparar validações necessárias para que as atividades laboratoriais estejam concluídas.

 

 

Assim como os módulos de pré-aceleração, os módulos técnicos eram disponibilizados a cada semana e discutidos em detalhes nos encontros semanais.

O time Escalab, responsável pelos encontros semanais, era um time diversificado, com os conhecimentos técnicos e experiência em atividades empreendedoras. Durante o encontro semanal e individualizado, de 1 h, as equipes moldavam seu modelo de negócios e discutiam sobre o escalonamento sob o olhar dessa equipe, que apresentava ferramentas e visões críticas para que a cada semana houvesse desenvolvimento do negócio.

A cada duas semanas aproximadamente, as equipes apresentavam um Pitch, ou seja, uma apresentação rápida do negócio, em 5 min. Esse era o momento de outros membros do Escalab, além das outras equipes, opinarem e contribuírem para o desenvolvimento daquele negócio. Essa mesma dinâmica, a cada final de mês, era utilizada como uma das avaliações das equipes. Nesta banca avaliativa, geralmente composta por 2 ou 3 pessoas, eram convidadas pessoas do mercado e do ecossistema que não conheciam as equipes do programa para novamente haver uma troca de feedbacks e visões de fora.

Ao final dessa primeira fase foram selecionadas 6 equipes para a fase posterior: pré-escalonamento/prova de conceito. A seleção foi feita a partir das médias obtidas pelas equipes durante as bancas avaliativas e qualidade das entregas realizadas durante o programa.

Pré-escalonamento/prova de conceito (POC)

Para a etapa de pré-escalonamento foram levados 6 projetos e, para isso, fez-se uso de uma estrutura de acompanhamento semanal individual de cada equipe por parte do Escalab. Ao início da etapa foi realizado um diagnóstico com cada uma das tecnologias e foi criado um plano de trabalho detalhado, com objetivo de focar nos pontos críticos de cada uma delas. O objetivo principal desta fase foi validar as premissas do modelo de negócios e buscar parcerias estratégicas para realizar testes do produto em ambiente relevante (POC). Além disso, foi construído um projeto executivo para o aumento de escala seguinte (planta piloto), bem como atualização do estudo de viabilidade técnica e econômica (EVTE) que foi iniciado na fase anterior.

Os conteúdos gerais foram ministrados na forma de "lives" para os participantes e são mostrados na Figura 11.

 

 

Durante esta etapa, cinco das seis startups foram capazes de conectar-se com parceiros estratégicos, sendo eles potenciais clientes ou usuários da tecnologia, parceiros para testar a escalabilidade e aplicação do produto ou entraram em contato com possíveis investidores. Além disso, algumas delas conseguiram buscar recursos de outras fontes, como será mostrado mais adiante neste artigo.

Por fim, uma equipe foi selecionada para a última fase e ficou apta a utilizar os R$ 100.000,00 da premiação.

Escalonamento/go-to-market

Uma startup, a Nanofood, com tecnologia desenvolvida na UFSJ foi escolhida para a última etapa do Escale-se e recebeu R$ 100.000,00. Além de apresentar uma nanotecnologia inovadora para o revestimento de frutas, a Nanofood já havia testado seu produto com diferentes clientes reais. Durante os 12 meses desta fase o foco foi definir os equipamentos, buscar fornecedores e iniciar as compras. Em paralelo, fortalecer os contatos realizados e criar uma estratégia de abertura de CNPJ e início das operações e de vendas. A planta foi montada e opera atualmente na incubadora Ouro Hub na cidade de Ouro Branco, MG e produz cerca de 18 ton por mês do produto, suficiente para testar e suprir a necessidade de alguns clientes.

Principais indicadores do programa

As equipes participantes do Escale-se foram avaliadas através de formulários a cada momento chave do programa (início, final de cada uma das fases e final do programa). Os formulários avaliaram a percepção dos participantes sobre os conhecimentos abordados, tais como escalonamento e desenvolvimento de modelagem de negócios.

Quando questionados sobre o quanto o programa influenciou na visão empreendedora, cerca de 85% dos participantes deram nota máxima (Figura 12a)

 

 

Também foi perguntado aos participantes o quão efetivo foram as mentorias com os facilitadores do Escalab, encontros semanais de 1 h com o objetivo de ajudar no desenvolvimento, contribuir com feedbacks, tirar dúvidas e facilitar conexões. Cerca de 90% dos participantes deram nota máxima, 5 (Figura 12b).

Sobre a segunda fase, de pré-escalonamento, quando questionados sobre as atividades e entregas propostas que envolveram o projeto conceitual, planilhas de precificação e outras atividades, 19 dos 22 entrevistados (86%) deram nota máxima, classificada como "muito bom" (Figura 12c). O que indica que a metodologia foi efetiva para apoiar a construção do negócio em criação.

Sobre o programa como um todo, seguem alguns comentários de pesquisadores:

"...., a experiência foi extremamente importante para a minha formação enquanto pesquisadora, empreendedora, líder de equipe e me trouxe uma visão mais abrangente e aplicada sobre o universo científico, sendo inclusive destaque no meu doutorado sanduíche. Espero que possamos continuar nos esbarrando por aí. Muito sucesso, Escale-se! Vocês são demais."

"As mentorias semanais foram importantes".

Entre os participantes que deram nota mais baixa, algumas das justificativas foram a falta de conteúdos mais específicos como legislações exclusivas de seus produtos e aspectos particulares de abertura de empresa e contratação. Eles relataram, porém, que essas informações foram fornecidas pelas conexões e contatos realizados ao longo do programa.

"Senti falta de conteúdos mais específicos de legislação para startups, cuidados para abertura de empresa, contração e etc. Porém, isso não foi um problema para nossa equipe, pois buscamos essa informação com networks criados."

Em contato posterior, após a finalização do programa, com as equipes participantes, quatro startups abriram CNPJ ou estavam em processo de abertura. Ou seja, cerca de 28% das tecnologias estão no caminho de se tornarem spin-offs acadêmicas.

Outro ponto interessante do empreendedorismo acadêmico e dos programas de inovação aberta são as habilidades adquiridas pelos participantes. Mesmo que uma startup perceba durante o programa que possui um modelo de negócio inviável, ou mesmo com todo o potencial não se classifique para as últimas fases programa, os conhecimentos adquiridos são ferramentas importantes para se conectar a outras oportunidades.

Alguns exemplos disso são startups que participaram do Escale-se, mas que conseguiram recursos de outras fontes durante e após o programa (Figura 13).

 

 

As startups Nanofood e NClean Pesquisa e Desenvolvimento para Uso de Resíduos Agroindustriais estão hoje incubadas em Ouro Branco (Ouro Hub) e Viçosa (tecnoPARQ), respectivamente. Após o programa, ambas conseguiram capital para continuar o desenvolvimento e iniciar suas operações. A Nanofood foi investida em R$ 2.000.000,00 pelo fundo Fundepar e a NClean conseguiu recursos do edital FAPEMIG 010/2023 - Incremento da Maturidade da Inovação e Escalonamento de Tecnologias, no valor de R$ 1.963.000,00.

 

CONCLUSÕES

Este artigo mostrou as principais etapas de um programa de aceleração de tecnologias químicas do Escalab, mostrando o case do Escale-se. Iniciativas como essa configuram uma alternativa para pesquisadores em química que querem avançar com suas tecnologias para a criação de uma startup (ou spin-off acadêmica) ou a realização de uma transferência de tecnologia para uma grande empresa já consolidada no mercado.

Os programas de aceleração propõem: (i) desenvolvimento de soluções relevantes para o mercado; (ii) geração de negócios, com criação de startups ou negociações de transferência tecnológica; (iii) capacitar os pesquisadores para fazerem da tecnologia desenvolvida um negócio; (iv) conectar o mercado com soluções inovadoras.

Os resultados do programa Escale-se mostram que os pesquisadores de fato mudaram sua visão empreendedora e foram capazes de desenvolver suas tecnologias para além das bancadas dos laboratórios e artigos científicos. Prova disso foi a criação de 4 startups e a captação de aproximadamente R$ 4,5 milhões em recursos para desenvolvimento de POCs e operação das empresas.

 

AGRADECIMENTOS

As agências FAPEMIG, CNPq e CAPES. Ao INCT Midas e Rede Escalab Minerall. Ao CIT-SENAI, Biominas e FIEMG Lab. A todos os proponentes que participaram do programa, em especial aos citados no artigo GreenGás Resíduos e Bioenergia, Nanofood, NClean Pesquisa e Desenvolvimento para Uso de Resíduos Agroindustriais e Insumo.

 

REFERÊNCIAS

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