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Abordagem da educação ambiental no ensino de química: uma análise a partir de artigos publicados na Revista Química Nova na escola (QNEsc) Approach to environmental education in chemistry teaching: an analysis based on articles published in the Journal Química Nova na escola (QNEsc) |
Sergiana S. de Oliveira AprigioI; Maria Vitória L. NascimentoI; Leonardo B. CantanhedeI,*; Severina C. da Silva CantanhedeII; I. Departamento de Ensino, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, 65400-000 Codó - MA, Brasil Recebido: 29/07/2024 *e-mail: leonardo.cantanhede@ifma.edu.br The knowledge of chemistry connected to environmental problems and sustainable development can provide an opportunity for dynamic, investigative, and directed teaching towards the recognition of chemistry itself as a science and social practice. From this perspective, this work aimed to investigate how discussions involving topics related to environmental education are conducted by researchers and/or professionals in chemical education, based on articles published in the journal Química Nova na Escola (QNEsc). The selection of articles was made considering publications from QNEsc between the years 1995 and 2022, focusing on terms such as environmental education, environment, pollution, environmental aspects, sustainability, and sustainable development present in the title, abstract, and/or keywords of the published articles. The selected texts were analyzed using Iramuteq software, applying correspondence factorial analysis (CFA), hierarchical descendant classification (HDC), similarity analysis, and word cloud using their respective abstracts. The data show that topics such as water, pesticides, waste, and plastic materials (polymers) were the most addressed by the publications, indicating a path that seeks to present and discuss proposals that value the need for sustainable actions, addressing environmental issues that directly impact the way humans use natural resources in the present and future. INTRODUÇÃO A corrida espacial realizada na segunda metade do século XX e encabeçada pelos dois principais países daquela época, Estados Unidos e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (doravante URSS), estimulou um grande investimento tanto no campo científico, quanto educacional. O lançamento do satélite Sputnik, pela URSS, representa um bom exemplo de como o desenvolvimento educacional de um país está diretamente ligado ao seu desenvolvimento científico. Prova disso é que o governo dos Estados Unidos, preocupado com o avanço da União Soviética nessa corrida espacial, resolveu investir de forma ativa na educação básica, com o objetivo de despertar nos alunos daquele nível de ensino o interesse pela Ciência, a fim de estimular a formação de futuros cientistas para o país. Esses cientistas, a curto e médio prazo, teriam a responsabilidade de dar continuidade a projetos de interesse nacional em ciência e, dessa forma, possibilitaria ao país uma posição de destaque na corrida espacial.1 Nesse contexto, Santos e Porto1 destacam que:
Esse investimento aplicado no ensino de ciências pelos Estados Unidos da América (EUA), serviu de modelo para muitos outros países, provocando mudanças importantes no processo de ensinar e aprender sobre ciências. Nesse contexto, as teorias do campo da psicologia, a partir das contribuições de Bruner e Piaget influenciaram a orientação metodológica utilizada o que possibilitou o surgimento de um método educativo caracterizado como ensino por meio do método da descoberta, proporcionando o surgimento de grupos de pesquisa em ensino de ciências em diversos países. Considerando o aspecto da aprendizagem, é importante destacar o insucesso dessa prática na educação básica, gerando como consequência um elevado desinteresse dos alunos por essa área do conhecimento. Com isso, as pesquisas em ensino de ciências foram estimuladas em razão dos problemas observados nos processos de ensino e aprendizagem das ciências.2 No Brasil, o desenvolvimento das pesquisas em ensino de ciências também foi estimulado pelo modelo adotado nos EUA. Nas décadas de 50 e 60 algumas iniciativas lideradas por professores de ciências já indicavam que o ensino de ciências precisava ser reestruturado.3 A criação dos Centros de Ciências presentes em muitos estados do Brasil, por exemplo, capacitou docentes para utilização de materiais oriundos da tradução dos projetos Americanos para o ensino de ciências. Esse contexto, estimulou o surgimento de grupos de pesquisa na área formados por educadores de diferentes áreas das ciências como a Física, Química e Biologia, interessados na resolução dos problemas relacionados à aprendizagem da ciência.4 Todo esse cenário, contribui para o surgimento e fortalecimento da área de ensino de Química no Brasil. No final da década de 1970, com a criação da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), em sua primeira reunião (1978), foram apresentados cinco trabalhos na área.5 Ao longo dos anos de 1980, foi ocorrendo um sucessivo e importante crescimento no número de trabalhos com a referida temática nas reuniões anuais da SBQ. Um outro marco importante para o desenvolvimento das pesquisas nesse campo no país foi a realização do Encontro Nacional de Ensino de Química (ENEQ). O primeiro ENEQ foi realizado em 1982 na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e, com periodicidade bianual, se tornou, no contexto brasileiro, um dos eventos mais importantes na área de ensino de Química.6 O crescimento da área de ensino de Química motivou pesquisadores, tanto dessa área quanto àqueles filiados a SBQ a criarem a Divisão de Ensino da SBQ (DE/SBQ) durante a 11ª Reunião Anual da SBQ no ano de 1988.7 Entretanto, as atividades da DE/SBQ, efetivamente e formalmente, só começaram a acontecer em 1994, com a formação da primeira diretoria, em seção extraordinária ocorrida no VII ENEQ, realizado na Universidade Federal de Minas Gerais. Essa diretoria foi responsável, ainda em 1994, pela criação de um periódico voltado para pesquisas na área de ensino da Química.8 Já em 1995, surge no cenário de periódicos a Revista Química Nova na Escola (QNEsc), sob a responsabilidade editorial da DE/SBQ e voltada para professores e pesquisadores de Química, que atuam na educação básica.6 A Revista Química Nova na Escola A Revista Química Nova na Escola (QNEsc) teve seu primeiro número lançado em maio de 1995. A proposta inicial foi disponibilizar para profissionais da área de Química, licenciandos e professores de Química da educação básica que desenvolviam pesquisas no âmbito do ensino e possuíam interesse em divulgar entre os educadores da área suas ações e práticas de ensino e aprendizagem envolvendo seus alunos no dia a dia da sala de aula.6 O formato da organização dos artigos publicados em seções foi proposto ainda em 1995. Assim, de 1995 a 2007, a revista que tinha publicações semestrais, nesse período passou a ser organizada em nove seções: Química e sociedade; Conceitos científicos em destaque; Atualidade em Química; Relatos em sala de aula; História da Química; O aluno em foco; Pesquisa no ensino da Química; Experimentação no ensino da Química; Elemento químico. Nos anos de 1997 e 1998, duas novas seções foram acrescentadas ao periódico, a seção Educação em Química e multimídia e a seção Espaço aberto, respectivamente. Em 2014 houve uma substituição da seção Pesquisa no ensino de Química, pela seção Cadernos de pesquisa, enquanto em 2015, foi incluída uma nova seção, chamada de Ensino de Química em foco.7 Cada seção apresenta especificidades, abrangendo diferentes aspectos relacionados ao ensino da Química. O Quadro 1 apresenta as características das seções presentes atualmente na QNEsc.
Além dessas reformulações na estrutura da revista, impulsionada principalmente pelo aumento na demanda de artigos submetidos, o conselho editorial do periódico aprovou uma mudança na periodicidade das publicações, passando a partir de 2008 de uma periodicidade semestral, para trimestral.6,7 Esse formato ainda se encontra em vigor atualmente. Assim, todas as alterações no formato das seções, na periodicidade das publicações e nas composições do seu conselho editorial, contribuíram para o fortalecimento e consolidação da QNEsc no cenário dos periódicos que tratam de questões relacionadas ao ensino de ciências e em especial do ensino de Química. Atualmente, a QNEsc possui um corpo de revisores formado por químicos e pesquisadores da área de ensino, garantindo que os artigos publicados constituam as contribuições significativas e necessárias para o conhecimento químico sob o ponto de vista dos processos educacionais de ensino e aprendizagem.1,7 A QNEsc, além dos números anuais, também publica Cadernos Temáticos. Os primeiros foram publicados em 2001 e até 2020, a revista disponibilizou oito (8) Cadernos Temáticos, abordando diferentes aspectos da Química e suas relações com o ensino. Nesse contexto, destacam-se os Cadernos Temáticos voltados para a Educação Ambiental: Química Ambiental (No. 1, maio de 2001); Química, Vida e Ambiente (No. 5, novembro de 2003) e Recursos Minerais, Água e Ambiente (No. 8, maio de 2004).7 A educação ambiental a partir do ensino da Química Por meio da Educação Ambiental a sociedade pode repensar suas práticas e promover mudanças de atitudes para a construção de habilidades, competências e valores sociais voltados para a preservação do Meio Ambiente de maneira individual e coletiva, possibilitando ainda o entendimento de suas diversas e complexas relações. Assim, considerando que a exploração do Meio Ambiente tem provocado o esgotamento tanto dos recursos naturais renováveis como não renováveis, intensificando a perda de florestas, a alteração do solo, poluição da água, do ar, perda da biodiversidade e, consequentemente, o aumento expressivo das mudanças climáticas que ameaçam a estabilidade dos sistemas básicos, levando à necessidade de repensar o padrão de sociedade que se quer construir, pois o uso dos recursos naturais disponíveis não é baseado nos princípios de um desenvolvimento sustentável.10 Hernandez e colaboradores11 acrescentam que a Educação Ambiental permite a implementação de estratégias sustentáveis (preservar e conservar), relevantes e de qualidade para a educação, sendo de fato uma medida eficaz para o desenvolvimento sustentável. Huang et al.12 corroboram ao ponto de dizer que o desenvolvimento sustentável opera para a prosperidade da relação homem e natureza, ao fornecer ferramentas operacionais, e gerar benefícios para a formação de sociedades ambientalmente sustentáveis. Apesar dos benefícios do desenvolvimento sustentável integrado com a educação, Asbullah e Tarigan13 afirmam haver desafios, especialmente relacionados à falta de conhecimentos especializados, a fim de romper as barreiras sociais e promover políticas públicas que destaquem práticas ecologicamente sustentáveis. Além disso, as preocupações e debates a nível mundial com as questões referentes à defesa e proteção do meio ambiente e as evidências de uma crise antrópica, reforçam a necessidade do reconhecimento do papel transformador da Educação Ambiental na promoção de saberes em todos os níveis e modalidades do processo educativo em caráter formal e não formal, para estimular novas práticas sociais de produção e consumo, bem como assegurar o acesso às informações socioambientais e compreensão da proteção e da qualidade ambiental como valor indissociável para o exercício da cidadania visando uma sociedade ambientalmente sustentável.14 Cabe destacar a relevância do trabalho do docente ao inserir a questão ambiental em sua prática pedagógica na perspectiva de educar para a sustentabilidade, fomentando novas possibilidades de aprendizagem e inovando sua prática de forma a contribuir para que os alunos tenham interpretação própria. Isso possibilita que os docentes desenvolvam uma postura crítica que permite reavaliar informações e os valores a elas associados e serem capazes de tomarem decisões mais conscientes e sustentáveis.15 Assim, estudar ciências da natureza atrelado a um viés investigativo, questionador, analisando e utilizando interpretações sobre a dinâmica da vida, vai além do aprendizado de seus conteúdos conceituais, permite entender a vida em sua diversidade, possibilita compreender a importância da natureza e de seus recursos, as consequências da ação antrópica e os limites das explicações e do próprio conhecimento científico.16 Nesse contexto, um dos pontos levantados sobre o estudo da Educação Ambiental no campo educacional, diz respeito à qualidade e preservação da água. Alcamo17 relata que a boa qualidade da água, a nível global, precisa atender às necessidades básicas das populações, sendo essencial nos serviços ecossistêmicos de subsistência. Assim, os debates ambientais contemporâneos, interligados com os objetivos do desenvolvimento sustentável, trazem à tona o crescimento populacional associado com a demanda por comida e abrigo. Nessa direção, Singh et al.18 afirmam que a extração exagerada dos recursos naturais está resultando em impactos devastadores nos ecossistemas e na saúde ambiental, promovendo danos nas gerações futuras. É importante salientar que interligada com essas informações, os estudos ambientais, de natureza interdisciplinar, revelam as diferentes vertentes no ensino de Química e Educação Ambiental. Em termos conceituais, observa-se que os significados aplicados ao ensino de Química, segundo Lourenço e Amaral19 fazem parte do cotidiano popular, ao relatar preservação, conservação, qualidade de vida e desenvolvimento sustentável. Dessa forma, explorar os conhecimentos da Química ligado às problemáticas socioambientais e ao desenvolvimento sustentável pode conduzir a um ensino mais dinâmico, investigativo, intencional, menos fragmentado e mais, direcionado para o reconhecimento da própria química enquanto temática e prática social. De acordo com Moraes e Taziri,20 o ensino baseado na investigação deve envolver atividades em que o aluno seja sujeito ativo, portanto, que seja capaz de promover o desenvolvimento de sua autonomia, a habilidade de tomar decisões de avaliar e solucionar problemas através da apropriação de conceitos e teorias das ciências da natureza. Assim, precisa fomentar o desenvolvimento do conhecimento socioambiental que, nessa perspectiva, contempla os princípios e objetivos que envolve a Educação Ambiental. Para Carneiro e Moura,21 a educação para a cidadania também precisa ser considerada a partir das demandas ambientais no ensino da Química, em termos uma educação moral, ética, que estimule valores em um processo que envolve a compreensão do educando enquanto sujeitos capazes de intervir em um contexto de conflitos ambientais através da capacidade de conhecer, compreender e interagir com o contexto. Ademais, inserir a problematização da questão ambiental no ensino de Química permite a análise do modelo de uma sociedade cada vez mais desenvolvida e tecnológica, bem como permite avaliar as consequências do desenvolvimento desordenado e os desequilíbrios ambientais. Logo, trazer essas reflexões em uma perspectiva contextualizada por meio de um ensino-aprendizagem que privilegia o aluno como sujeito ativo, o estudo do contexto social, político, econômico e enfoque dos problemas socioambientais atrelados aos conteúdos de Química, é potencialmente capaz de permitir que o aluno compreenda melhor a disciplina, promovendo o engajamento, senso crítico e mobilizador do estudante. Consequentemente a aprendizagem fica mais dinâmica, empática e motivadora, favorecendo a formação de cidadãos conscientes das questões relacionadas ao desenvolvimento social e ambiental.22 Para percorrer esses conceitos, faz-se necessário discutir as questões ambientais no ambiente formal (sala de aula) e não-formal (locais públicos). Conforme apontado por Souza,23 aulas expositivas não são o único método para o repasse de informações sobre Educação Ambiental e sustentabilidade, é necessário refletir e discutir sobre a atual realidade dentro de um contexto local, a fim de proceder com uma avaliação justa do que foi ensinado. Com base no que dispõem Cardoso e Miguel,24 o uso de metodologias alternativas ajudam a minimizar as diferenças e as desigualdades no processo de ensino e aprendizagem, motivando e proporcionando momentos de interação. Nesse sentido, o ensino de Química com base nas exigências do mundo contemporâneo tem enfatizado conteúdos que tratam de questões científicas, tecnológicas, sociais e ambientais nos conteúdos programáticos. Isso tem colaborado significativamente para o desenvolvimento de conteúdos químicos que contribuem para uma formação cidadã, já que a dinâmica das questões discutidas em sala de aula por serem complexas e interdisciplinares requerem estratégias didáticas que apoiam e valorizam um ensino e aprendizagem com significados de dimensão social e sentidos de ordem pessoal para o estudante.25 Portanto, é inegável que o ensino de Química tem buscado se relacionar com as preocupações inerentes à sustentabilidade e, dessa forma, com o futuro da humanidade, além de envolver a escola e os veículos de comunicação científica, já que possuem influência na formação do sujeito, frente a temáticas emergentes de cunho ambiental. Esse desdobramento busca incentivar ações que consideram a importância do exercício do aprender a ensinar e do aprender a aprender, uma vez que na sociedade contemporânea não existe mais espaço para um ensino que preconiza apenas a transmissão do conhecimento, mas sobretudo tem buscado a construção e reconstrução desse tipo de ensino.21 Desse modo, refletir sobre as ações humanas na conjuntura socioambiental exige diálogo, alargamento dos horizontes do ato educativo, redirecionamento dos temas curriculares, interdisciplinar a prática escolar com o cotidiano, como também problematizar a realidade com intencionalidade de buscar soluções, no âmbito cultural, social, político e econômico.26 As reflexões oriundas pela comunidade científica, em especial da área do ensino da Química, representam um importante direcionamento sobre como os conteúdos químicos têm abordado ou dialogado com as questões ambientais. Nesse contexto, os artigos publicados na QNEsc desde o seu primeiro número, podem ajudar a entender não só como a revista tem apresentado à comunidade acadêmica e escolar, as temáticas da Educação Ambiental sob a perspectiva do ensino da Química, mas principalmente, quais os debates presentes nas salas de aula, tanto da educação básica, quanto do ensino superior, vêm sendo discutidos pelo professor de Química. Assim, para compreender esse contexto, foi utilizada uma revisão de literatura sistemática, para identificar, avaliar e sintetizar os resultados de pesquisas e ideias produzidas por pesquisadores e profissionais do ensino da Química que tiveram os artigos publicados na QNEsc. Como ferramenta de análise foi utilizado o software Iramuteq27 (Interface de R Pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires), que permite diferentes formas de análises estatísticas sobre um corpus textual. O Iramuteq como ferramenta de análise textual A utilização de softwares para análise de dados textuais em diferentes áreas do conhecimento tem sido cada vez mais frequente, principalmente quando o material a ser analisado é bastante volumoso.28 No cenário brasileiro, desde a década de 1990, alguns softwares vêm sendo utilizados para análise de textos, tais como o Ethnograph,29 o Nudist30 e o Atlas TI,31 que possibilitam a organização de dados e, dessa forma, facilitam a realização de análise de conteúdo.32 O Iramuteq27 permite diferentes formas de análises estatísticas sobre um corpus textual. Este programa promove diversidade nas análises de maneira organizada e de fácil compreensão por meio de cinco métodos de análise: estatísticas textuais (lexicográficas), especificidades e análise fatorial de correspondência (AFC), classificação hierarquia descendente (CHD), análises de similitude e nuvem de palavras.25 Assim, as análises podem ser realizadas a partir de um grupo de textos de uma temática (corpus textual) em um único arquivo de texto, bem como por meio de matrizes.33 Na análise lexicográfica as unidades de texto são identificadas e transformadas em seguimentos de texto (ST), a quantidade de palavras e a frequência média são verificadas, as palavras com frequência igual a um (hápax) são identificadas, bem como as palavras são lematizadas, reduzindo oscilação do vocábulo. As diferentes formas (substantivo, preposição, verbo, adjetivo e verbos auxiliares) das palavras analisadas, também são identificadas.28 Já a análise de especificidade e análise fatorial de correspondência (AFC) possibilita a comparação (contraste) da produção textual, em que o indicador de especificidade mostra as diferentes formas lexicais em cada partição analisada, quanto mais próximo de zero for o indicador, mais genérica é a sua distribuição, evidenciando que a frequência observada se aproxima da frequência esperada.34 As técnicas baseadas na análise de correspondência permitem transformar dados categóricos em medidas quantitativas, por meio de tabelas de contingência, para posteriormente, realizar uma redução dimensional.25 O método da classificação hierárquica descendente (CHD) classifica as classes de segmentos de texto em função dos seus respectivos vocabulários, sinalizando os vocabulários semelhantes, os que se diferem dos segmentos das outras classes e o conjunto deles é repartido com base na frequência das palavras lematizadas, é uma das técnicas mais importantes para a análise léxica automatizada de textos e documentos, baseado na existência de correlação entre termos dentro de uma mesma seção de corpus textual.35 A análise de similitude evidencia a simultaneidade entre as palavras e seu resultado traz indicações da conexidade entre as palavras, auxiliando na identificação da estrutura de um corpus textual, apontando as partes comuns e as especificidades em função das variáveis reconhecidas na análise. A nuvem de palavras agrupa e organiza graficamente em função da sua frequência no corpus, permitindo a visualização das palavras-chave, assim, palavras maiores são aquelas que apresentam maior frequência.36 De acordo com Sousa,25 o Iramuteq27 dispõe de um agrupamento de possibilidades na observação de dados qualitativos baseada na lexicometria, por meio do processo de segmentação automática, estágio em que ocorre a identificação das ocorrências que compõem um texto, de modo que dois segmentos afins são aferidos como duas ocorrências da mesma forma linguística, construindo o vocabulário de um corpus. Apesar do benefício oferecido pelos programas computacionais na análise de dados em pesquisas qualitativas, alguns pesquisadores ainda hesitam na utilização dessas ferramentas, por considerarem que o pesquisador se distancia dos dados, mas ressalta-se que a finalidade dos softwares é auxiliar no processo de dados cabendo o pesquisador explorar e investigar criticamente estes.37
METODOLOGIA O método de coleta de dados utilizado nessa nesta pesquisa foi a documentação de dados secundários. Assim, os dados já disponíveis, acessíveis ou extraídos da literatura são relacionados ao que se pretende na formulação do problema de pesquisa.38 Sob essa perspectiva, a seleção dos artigos da revista Química Nova na Escola foi realizada considerando todas as publicações desse periódico desde 1995 a 2022, portanto, totalizando 27 anos de importante contribuição para o ensino de Química, em diferentes etapas da educação brasileira. Os critérios de busca utilizados para investigar como a temática Educação Ambiental foi abordada pela revista, levaram em consideração a ocorrência de pelo menos um dos seguintes termos presentes no título, no resumo ou nas palavras-chave dos artigos publicados, a saber: Educação Ambiental, Meio Ambiente/Ambiente, Poluição, Impactos Ambientais/Questões Ambientais, Sustentabilidade, Desenvolvimento Sustentável. Como o periódico publica artigos voltados para Educação/Ensino da Química, a presença desses termos nos manuscritos publicados pela revista, representa o indicativo de que as discussões envolvidas nos artigos que apresentam esses termos, perpassam necessariamente pela Educação Ambiental. A revista Química Nova na Escola, ao longo do recorte temporal utilizado para seleção dos artigos que abordam pesquisas voltadas à Educação Ambiental, publicou 967 artigos, distribuídos em 44 volumes. Após a leitura dos três componentes do texto científico (título, resumo e palavras-chave), de cada artigo publicado pela QNEsc, a seleção resultou no quantitativo de 74 artigos que abordam temáticas voltadas à Educação Ambiental. Nessa perspectiva, com os 74 artigos selecionados (apresentados na Tabela 1S, Material Suplementar), seus respectivos resumos foram utilizados para análise textual pelo software Iramuteq. O software Iramuteq27 foi utilizado para a análise e o corpus textual foi construído a partir do resumo dos artigos selecionados (apresentado no Material Suplementar). Para cada resumo foi estabelecida uma linha de comando, correspondendo a uma variável (n), definida por um número que identifica o artigo selecionado (**** *n). Também foi introduzido no início de cada resumo o código da revista (QNEsc). É importante mencionar que para a organização do corpus não foram considerados os termos destacados em negrito, sublinhados ou em itálico, além de elementos como parênteses, colchetes, chaves, aspas, apóstrofos, cifrões, porcentagens e asteriscos. Algumas denominações como o nome de instituições e expressões que se utilizam de três ou mais termos para dar significado, como, Universidade de São Paulo foi substituído por USP e para Ciência, Tecnologia e Sociedade, foi utilizada a forma CTS. Considerando que o software não realiza flexões verbo-pronominais, a escrita de expressões do tipo "escreve-se", foram substituídas por "se escreve". As palavras compostas que são separadas por hífen tiveram a substituição do hífen pelo underline/subtraço ( _ ). Quanto aos numerais, as formas escritas por extenso foram substituídas para o formato de algarismo, sem utilizar pontos ou vírgulas. Todos esses procedimentos são necessários para o melhor aproveitamento das palavras que formam o corpus textual. A utilização do recurso underline para substituir os espaços entre os termos é importante para evitar que o software processe palavras compostas como, por exemplo, "Ensino de Química", como se fossem três palavras diferentes e dissociadas do contexto. As análises geradas pelo software, considerando o corpus textual formado pelo resumo de cada trabalho selecionado, foram baseadas na análise estatística textual (análise lexicográfica) e nas análises multivariadas: classificação hierárquica descendente (CHD), análise fatorial por correspondência (AFC), análise de similitude e a geração de nuvem de palavras.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Representação descritiva e quantitativa do corpus textual analisado Os resumos presentes nos 74 artigos selecionados na QNEsc, foram organizados em um único arquivo de texto, constituindo assim o corpus de análise. Segundo a literatura,39 um corpus textual utilizado para análise no software Iramuteq deve apresentar pelo menos 20 textos. Quanto a análise lexicométrica, realizada no corpus textual, foi identificada a ocorrência de 7838 palavras, com uma média de, aproximadamente, 106 termos por resumo analisado. A análise mostrou que o corpus textual é composto por 1785 formas, incluindo 1026 hápax (57,48% das formas e 13,09% das ocorrências) e que formam 228 segmentos de textos (ST), dos quais 189 (82,89%) foram aproveitados na análise. É importante mencionar que a literatura32,39 enfatiza que um corpus representativo deve apresentar índices iguais ou maiores que 75% de aproveitamento dos ST analisados. Quanto ao percentual de hápax das ocorrências, entende-se que quanto maior o percentual, maior será a presença de termos únicos no corpus textual analisado.40 Assim, para esse estudo, o percentual de hápax (13,09% de palavras com ocorrência única) indica um índice de abordagens diversificadas na discussão da temática Educação Ambiental no ensino da Química, sendo possível também observar a relação a frequência das palavras no corpus. A Figura 1 apresenta a distribuição logarítmica da frequência das formas ativas em função das classificações no corpus do texto analisado.
É possível verificar o comportamento das frequências das palavras no corpus, o gráfico mostra no eixo vertical (Y) as frequências das palavras em ordem decrescente, e no eixo horizontal (X) as frequências das formas, ambas em escalas logarítmicas. Próximo ao eixo X se identificam as palavras hápax, ou seja, palavras com ocorrência única. Logo, os dados dessa análise demonstram que os artigos publicados na QNEsc refletem os atores principais, "aluno/estudantes" do "ensino médio", aos quais são apresentados ("apresentar") às discussões ("discutir") na perspectiva da "educação ambiental", no ensino de "química", e que abordam como temáticas ("tema") principais a "utilização" da "água" a partir de "atividades" experimentais. Os trechos dos artigos, "O Rio e a Escola: uma experiência de extensão universitária e de educação ambiental" e "Desenvolvimento e caracterização de filmes biodegradáveis obtidos a partir de amido de milho: uma proposta experimental de produção de biofilmes em sala de aula", enfatizam em seus respectivos resumos tais características.
Considerando os termos utilizados para a seleção dos artigos, o termo Educação Ambiental representa aquele de maior ocorrência. Nesse contexto, é importante mencionar que a revista Química Nova na Escola não representa um periódico que publica trabalhos exclusivamente voltados para a temática Educação Ambiental, nenhuma das seções dessa revista possui essa especificidade. No entanto, em 2022 a revista lançou um número especial (volume 44, No. 2)43 com base no Movimento Química Pós 2022 - Sustentabilidade e Soberania, idealizado pela SBQ em 2021, com o intuito fomentar reflexões sobre a contribuição da Química para a sustentabilidade e a soberania do Brasil, considerando o bicentenário da Independência do Brasil e o estabelecimento pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) do Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável em 2022 com o propósito de perceber as possíveis conectividades entre as Ciências Básicas e os objetivos da Agenda 2030. A partir dessa consideração destaca-se o trecho do artigo QNEsc_14, intitulado "Criação do Jogo Um passeio na indústria de laticínios"44 visando promover a Educação Ambiental no Curso Técnico de Alimentos, que ressalta em seu resumo a notoriedade da Educação Ambiental:
Nesse sentido, o ensino de Química voltado à Educação Ambiental promove a discussão e problematização de temas ambientais, oferece métodos efetivos para a compreensão dos fenômenos naturais, das ações humanas que impactam o meio ambiente, além de possibilitar os estudantes desenvolverem sua potencialidade com tomadas de decisões mais assertivas, com posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos tornando-os capazes de participarem com responsabilidade na sociedade.45 Classificação hierárquica descendente (CHD) A classificação hierárquica descendente (CHD) é um método proposto por Reinert46 que usa o software Alceste47 para classificar os ST a partir dos vocabulários que formam o corpus textual. Assim, a continuidade de tratamento do corpus se dá a partir do reconhecimento e lematização das formas (termos) e divisão em segmentos de textos.36 Essa segmentação é baseada na frequência com que as palavras já lematizadas aparecem no texto. Como consequência, os termos com semelhança lexical e aqueles que são diferentes dentro dos segmentos de textos são agrupados em classes.32 A Figura 2 apresenta o dendrograma de classes construído a partir da classificação hierárquica descendente (CHD) e o plano cartesiano dos termos mais frequentes em cada classe gerada pelo software Iramuteq.27
A análise da CHD permite apresentar um dendrograma baseado no agrupamento hierárquico de palavras (Figura 2a), além de uma visualização gráfica do agrupamento de palavras (Figura 2b). Para o corpus textual analisado, os resultados mostram a geração de seis classes de palavras divididas em duas ramificações principais, e os percentuais representam a correlação entre as palavras destacadas de cada segmento de texto gerado no Iramuteq27 (Figura 2a), onde a classe 6 (15,3%) dá origem a dois subconjuntos de classes, o primeiro, formado pelas classes 5 (23,3%) e 1 (15,4%), com maior aproximação lexical entre elas e com a classe 6, e o segundo formado pelas classes 3 (18,5%), 2 (14,8%) e 4 (12,7%), com maior aproximação entre elas e distanciamento lexical com a classe 6. Assim, as classes 1 e 5, como se verifica na Figura 3b, apresentam-se em grande parte dispostas no quadrante 2 (Q2), com ramificações para os quadrantes 1 (Q1) e 3 (Q3). Dessa maneira as classes 1 e 5 mostram uma forte ligação entre si e podem ser consideradas como as mais significativas. A classe 1 aponta a presença de termos que destacam o ambiente onde as temáticas são discutidas e os sujeitos envolvidos: "ensino médio", "escola pública", "aula", "estudante". Enquanto a classe 5 destaca termos que orientam as atividades desenvolvidas: "pesquisa", "científico", "livro didático", "conhecimento", "aspecto ambiental". Assim, os artigos produzidos, são necessariamente desenvolvidos nas "escolas públicas de nível médio" e o "conhecimento" gerado nas "pesquisas", é produzido com o objetivo de "problematizar" temáticas de "aspectos ambientais" com enfoque na atuação do "estudante". O mesmo pode ser observado entre as classes 2 e 3, pois os termos presentes nessas classes se comunicam com bastante intensidade. Na classe 2, a ênfase em "sala de aula", "mudanças", "meio ambiente", "ensino de Química", mostra que a abordagem utilizada para evidenciar os impactos causados ao "meio ambiente" no "ensino de Química", geralmente é desenvolvida em sala de aula, usando como métodos experimentais ("experimento") para abordagem ("abordar"), demonstração ("demonstrar") e determinação (classe 3) com a perspectiva de ocorrer mudanças atitudinais e uma formação transformadora. A Figura 3 apresenta o plano cartesiano dos artigos distribuídos dentro das classes, gerado a partir da análise de classificação hierárquica descendente (CHD).
Os distanciamentos observados significam que os termos presentes nessas classes, não são utilizados num mesmo contexto no corpus textual. Assim, no artigo do quadrante 1 (Q1), como por exemplo o QNEsc_3748 traz uma "Orientação de aula experimental de Química para o ensino básico utilizando bioensaios com grãos de feijão". O bioensaio teve como objetivo verificar a toxicidade de soluções aquosas de detergentes em diferentes concentrações, e os efeitos foram avaliados em relação à inibição da germinação do grão de feijão. Já o QNEsc_4649 do quadrante 4 (Q4), "Revisitando o experimento de viscosidade intrínseca de Shoemaker e Garland: uma abordagem ambiental", desenvolve com os alunos o conceito da vermicompostagem (compostagem com minhocas) como acelerador da degradação de polímeros biodegradáveis. Dessa forma, percebe-se que, embora a temática da Educação Ambiental dentro da perspectiva do ensino da Química esteja presente em ambos os textos, os contextos apresentados por esses artigos são muito diferentes, evidenciando assim a variedade de temáticas sobre Educação Ambiental no ensino de química apresentadas na forma de artigos pela revista QNEsc. Análise fatorial por correspondência (AFC) Reinert46 recomenda o uso de uma análise de correspondência fatorial para identificar de forma detalhada as aproximações existentes entre as variáveis que formam o corpus textual. Diferente da AFC gerada pela CHD, que analisa as aproximações existentes entre os termos pertencentes a uma determinada classe, a AFC gerada a partir da análise de especificidades, apresenta a correspondência compreendida entre as variáveis, ou seja, entre cada um dos resumos selecionados e analisados. A Figura 4 apresenta a AFC para as variáveis investigadas.
A AFC, mostra que as temáticas abordadas nos 74 artigos analisados a partir dos seus resumos, apresentam de forma geral, temáticas correspondentes, haja vista, algumas variáveis aparecerem muito próximas ou sobrepostas convergindo para o centro do plano cartesiano. O artigo QNEsc_4,50 por exemplo, "(Re) Conhecendo o PET", pertencente ao quadrante 1 (Q1) apresentam a inserção da temática ambiental em aulas de química por meio da discussão de polímeros. No artigo QNEsc_7151 pertencente ao mesmo quadrante, mostra uma proposta de aula sobre sustentabilidade com enfoque no reconhecimento dos diferentes tipos de polímeros e o uso sustentável de materiais plásticos. Outro exemplo, refere-se aos artigos do Q4, QNEsc_45,42 QNEsc_5752 e QNEsc_6653 que, apesar de abordarem temáticas diversificadas, trazem essas temáticas pautadas na experimentação e, portanto, apresentam correspondência entre os textos. Percebe-se também que alguns textos se ramificam para posições mais afastadas do centro do plano cartesiano, sinalizando que essas variáveis possuem menor afinidade ou aproximação com as demais, como por exemplo, nos artigos QNEsc_3154 (Q4), QNEsc_4955 (Q3) e QNEsc_5456 (Q3), estes apresentam temáticas atípicas como um bioensaio utilizando bulbos de cebola (Allium cepa) em água contaminada com íons Cu2+ (QNEsc_31),54 análise de livro didático (QNEsc_49)55 e abordagem sobre a visão de crianças de 9 a 12 anos a respeito de mulheres cientistas (QNEsc_54).56 Análise de similitude Os gráficos de similaridade mostram essencialmente as convergências existentes entre as variáveis que compõe o corpus textual. Com a árvore de similitude é possível compreender melhor como as palavras centrais se conectam entre si e com outros termos, permitindo uma intepretação mais ampla dos dados. Assim, é possível reconhecer o caminho pelo qual as palavras foram apresentadas no corpus textual e suas correspondências, de forma que as linhas mais espessas representam uma maior correlação entre os termos.57 A Figura 5 apresenta a árvore de similitude para corpus textual analisado.
Observa-se que a árvore de similitude gerada pelo Iramuteq27 está organizada em quatro comunidades representadas pelos termos tema, aluno, ensino médio e artigo. A comunidade representada pela palavra central tema, apresenta uma forte relação semântica com a comunidade identificada pelo termo aluno e conectadas pela palavra resultado. O entendimento que se faz a respeito do caminho apresentado por essas palavras representa que as diversas temáticas e abordagens apresentadas pelos artigos analisados são direcionadas aos alunos por meio de atividades de ensino e que esses alunos, majoritariamente, pertencem ao Ensino Médio (comunidade Ensino Médio). Configura-se ainda, a partir da análise de similitude, a correspondência da comunidade ensino médio com a comunidade artigo. Toda essa configuração de alinhamento léxico sugere uma tradução semântica que os artigos apresentados pela revista Química Nova na Escola, desde a sua primeira publicação, considerando a educação ambiental na perspectiva do ensino de química, necessariamente, apresentam abordagem de temáticas e conteúdos químicos diversificados, em que os alunos/estudantes do ensino médio discutem a química a partir de atividades propostas pelo professor e que apresentam (apresentar) os resultados dessas atividades de pesquisa, no formato de artigos científicos. Os trechos a seguir representam essa tradução semântica apresentada.
É importante destacar que no processo de lematização utilizado pelo software Iramuteq,27 as palavras são sempre convertidas para a sua forma masculina e singular, portanto, o termo "Químico", presente na árvore de similitude, é apresentado no corpus textual, como "Química". Nuvem de palavras A nuvem de palavras representa uma importante ferramenta que possibilita uma visualização organizada e estruturada dos termos de maior frequência presentes no corpus textual. Assim, a frequência dos termos é proporcional ao seu tamanho na nuvem de palavras gerada, o que representa uma maior importância ou significância dentro do corpus textual. A Figura 6 apresenta a nuvem de palavras gerada a partir do corpus analisado e contendo os termos mais frequentes.
Considerando os objetivos da análise proposta neste trabalho, após o processamento e geração da nuvem de palavras, buscou-se interpretar os significados dos termos mais frequentes no resumo dos artigos investigados. De forma previsível, a palavra aluno é bastante frequente, pois a revista é voltada para contribuições de pesquisa em ensino de Química, em que o aluno é o protagonista nas diferentes abordagens apresentadas pela revista e considerando as temáticas voltadas para a Educação Ambiental, não poderia ser diferente. O aluno independente do seu nível de escolaridade representa o foco principal das pesquisas que desenvolvem atividades direcionadas para a Educação Ambiental a partir do ensino da Química. Nesse contexto destaca-se:
Já o termo "artigo", é sempre utilizado quando se refere ao próprio formato da produção científica que é aceito pelo periódico. Assim, o termo "artigo" é frequentemente utilizado pelos autores como forma de denominar o formato do manuscrito submetido para o periódico, formato de artigo científico. Assim, torna-se comum a presença de termo como: esse "artigo" apresenta (QNESc_7,60 QNEsc_29,61 QNEsc_1762); o objetivo desse "artigo" (QNEsc_37);48 esse "artigo" relata (QNEsc_10).63
Já a palavra químico é utilizada para expressar diferentes aspectos da discussão da Educação Ambiental nos artigos, como por exemplo: aulas de química (QNEsc_450 e QNEsc_2065); professores de química (QNEsc_7);60 ensino de química (QNEsc_15);66 laboratórios de química (QNEsc_23).59 Portanto, o dinamismo na construção dos conhecimentos e das práticas ambientais por professores e alunos dentro das escolas contribuem para a divulgação da Educação Ambiental, além de trocas de ideias que possibilita aos partícipes terem uma discussão mais ampliada sobre esta questão e diretrizes que promovem ações direcionadas à preservação e à conservação ambiental.67 Dessa maneira, pode ser acentuado, que a educação ambiental na escola ao ter como um de seus objetivos a difusão de conhecimentos, aliada à finalidade da instituição de ensino de formar o indivíduo para a cidadania, promove melhores perspectivas para mudanças necessárias em termos de comportamento sociais e ambientais.68 E essa conduta crítica, vislumbrando um mundo mais solidário, humano, preocupado com a natureza, deve começar na sala de aula, no cotidiano escolar, perpassando todo o processo de escolarização e avançando para a vida, de forma permanente e continuada na formação de uma consciência cidadã e nessa perspectiva, de uma cidadania socioambiental, pela qual a ação individual e subjetiva corrobora para os avanços desejáveis de uma sociedade humanizada.26
CONSIDERAÇÕES FINAIS Incialmente, é importante enfatizar que os artigos publicados pela QNEsc não priorizam diretamente as temáticas de cunho ambiental. Sobre esse aspecto, pôde-se constatar que existe na revista uma importante lacuna entre as seções apresentadas pelo periódico, que não disponibiliza uma seção exclusiva para a publicação de artigos voltados para temáticas de educação ambiental, visto que, as discussões sobre educação ambiental incorporadas ao ensino da Química já são uma realidade não apenas no contexto brasileiro, mas mundial, uma vez que no século XXI essa temática é preponderante nas discussões presentes no ensino de ciências, em especial no ensino da Química, além de ser respaldada pelos documentos oficiais que norteiam a educação brasileira, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).16 Os dados obtidos evidenciam uma correspondência nas abordagens da Educação Ambiental associadas ao ensino da Química no ensino médio, apontando uma inserção ampla de temáticas como água, agrotóxicos, lixo e a problemática de materiais plásticos (polímeros), sinalizando um caminho que busca apresentar e discutir propostas que valorizam a necessidade e relevância de ações sustentáveis, ou seja, com questões ambientais que impactam diretamente a maneira como o ser humano utiliza os recursos naturais no presente e no futuro. Cabe ressaltar a observância de uma menor frequência dessa temática nas publicações no ensino superior, também essenciais para a construção do pensamento crítico e continuidade de pesquisas. Neste sentido, esperamos que os resultados apresentados e discutidos possam contribuir para estimular pesquisadores e professores de Química no desenvolvimento de pesquisas que articulem de maneira bem mais ampliada o ensino de Química com temáticas relacionadas à Educação Ambiental e o Desenvolvimento Sustentável.
MATERIAL SUPLEMENTAR O material suplementar desse trabalho está disponível em http://quimicanova.sbq.org.br/, na forma de arquivo PDF, com acesso livre.
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