Cassiana C. MontagnerI; Giovanna MachadoII; Marco Tadeu GrassiIII
I. Editora Associada de QN. Departamento de Química Analítica, Universidade Estadual de Campinas, 13083-970 Campinas - SP, Brasil
II. Editora de QN. Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste, 50740-540 Recife - PE, Brasil
III. Editor Convidado de QN. Departamento de Química, Universidade Federal do Paraná, 81531-980 Curitiba - PR, Brasil
Em 2015 a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs aos seus países membros uma agenda para o desenvolvimento sustentável para os 15 anos seguintes, a Agenda 2030. Esta agenda é composta por 17 ambiciosos objetivos, denominados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que representam uma ação efetiva para acabar com a pobreza, proteger o planeta e para garantir que todas as pessoas desfrutem de paz e prosperidade, ao término deste período. A busca por ações fundamentadas na sustentabilidade representa um esforço conjunto de países, empresas, instituições, assim como da sociedade civil. Entre outras coisas, os ODS visam garantir os direitos humanos, lutar contra a desigualdade e a injustiça, alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas e no contexto ambiental, agir contras as mudanças climáticas e em favor da gestão integrada ao meio ambiente.
Para alcançar a almejada sustentabilidade, precisamos aprender a nos desenvolver como sociedade, sem esgotar os recursos para o futuro. Isso implica em um balanço que considera as condições sociais e econômicas em consonância com a preservação do meio ambiente.
Neste sentido, nós químicos temos muito a contribuir. A Química Ambiental estuda as fontes (origens), as reações, o transporte, os efeitos e os destinos das substâncias nos diferentes compartimentos ambientais (ar, solo, água e biota), bem como os efeitos das atividades humanas sobre o ambiente como um todo. Ao mesmo tempo, propõe também alternativas mitigadoras para os processos já em curso, assim como novas tecnologias na busca de soluções amigáveis para os problemas do mundo real. Os resultados das pesquisas ajudam a traçar o caminho de equilíbrio tão desejado para um desenvolvimento sustentável.
Os dados da Organização das Nações Unidas mostram que a alta capacidade de transformar energia limpa por meio de fontes alternativas coloca o Brasil em uma posição de destaque em relação a outros países. Mas ainda há muitos outros pilares que precisam ser melhorados para tornar nosso país, uma potência no quesito “Sustentabilidade”.
E, mais uma vez, nós, químicos brasileiros, podemos fazer muito. Somos criativos, resilientes e determinados. Essa Edição Especial da Química Nova de 2024 está dedicada a apresentar de forma inovadora e atual as pesquisas brasileiras que vem sendo desenvolvidas nas mais diferentes áreas da química, contribuindo com soluções para um futuro cada vez mais sustentável.
Com estes 30 trabalhos, apresentados em dois volumes, convidamos o leitor a refletir sobre sustentabilidade, a conhecer diferentes abordagens de ensino de química dentro desta temática, a entender como os princípios da Química Verde estão conectados com o desenvolvimento sustentável, bem como podemos repensar os métodos analíticos de maneira geral sem perder em eficiência e qualidade; como as tecnologias inovadoras em tratamentos de efluentes e o desenvolvimento de novos materiais se mostram promissores em estudos de bancada e em cenários reais na busca pela mitigação da poluição; além de trazer alguns estudos de caso brasileiros bastante interessantes na área de Química Ambiental.
Esperamos que a leitura desses trabalhos originais contribua para a disseminação da Ciência brasileira e possam impulsionar as pesquisas nesta área que pode ser considerada prioritária para o nosso país e para o mundo.