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Oppenheimer em Belo Horizonte: um resgate histórico Oppenheimer in Belo Horizonte, Brazil: a historical rescue |
Cássius K. NascimentoI; Breno R. L. GalvãoII I. Laboratório de Química, Escola Preparatória de Cadetes do Ar, 36205-058 Barbacena - MG, Brasil Recebido: 14/04/2025 *e-mail: jpbraga@ufmg.br Julius Robert Oppenheimer was a man of humanistic training, but at the same time an individual of the exact sciences. Due to his peculiar characteristics, he faced important challenges from both a scientific and political point of views. The scientist led the Los Alamos National Laboratory in New Mexico, USA. Due to the repercussions that the Manhattan Project caused in the global nuclear scenario, fundamentally by making possible the creation of the first atomic bombs, several institutions sought the collaboration of the scientist. The work presented here is specifically related to the visit of Oppenheimer to Belo Horizonte on his first scientific trip to Brazil, which took place between June and August 1953. The visit of the scientist contributed to broader discussions and initiatives related to nuclear research and development in the state of Minas Gerais and in Brazil. INTRODUÇÃO O artigo que se segue está ligado a uma linha de pesquisa que busca apresentar as contribuições e influências de grandes personalidades da ciência que visitaram o Brasil.1-3 Volta-se o olhar sobre pesquisadores que deixaram sua marca de forma contundente em vários setores e contribuíram para o avanço de pesquisas em diversas áreas em nosso país.4-6 O presente trabalho tem como objetivo recuperar os principais fatos da estada de Oppenheimer na cidade de Belo Horizonte, um dos cientistas mais reconhecidos, discutidos e respeitados da era moderna. O foco principal é a visita à Escola de Engenharia da atual Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a órgãos de pesquisa do Estado de Minas Gerais, realizada em 1953. Julius Robert Oppenheimer (1904-1967) foi um físico teórico que entrou para história e para a fama mundial como o "O Pai da Bomba Atômica", principalmente por ter seu nome fortemente associado ao Projeto Manhattan. O projeto era um programa militar e científico promovido entre 1942 e 1947, com o objetivo de produzir artefatos nucleares, antes que o governo da Alemanha obtivesse êxito. Sob a coordenação de Oppenheimer, diversos cientistas conseguiram produzir a primeira ogiva nuclear com aplicação bélica imediata.7 O projeto culminou com o lançamento de uma bomba atômica batizada de Little Boy, de urânio-235, sobre Hiroshima, levando à morte mais de 50.000 pessoas no mesmo dia, e de outra ogiva nuclear, denominada Fat Man, feita de plutônio-239, lançada sobre Nagasaki, ocasionando mais de 28.000 mortos logo após a explosão. O ataque à primeira cidade ocorreu em 06 de agosto de 1945, às 8 horas e 15 minutos, e à segunda cidade em 09 de agosto de 1945, às 11 horas e 2 minutos.8 Em 14 de agosto de 1945, ocorreu a rendição japonesa, oficializada em 2 de setembro de 1945, marcando o fim da Segunda Guerra Mundial, que havia terminado na Europa em 7 de maio de 1945. Após o término do maior e mais destrutivo conflito da história da humanidade, houve um aumento significativo na produção de armas nucleares, especialmente com o teste do dispositivo nuclear RDS-1 pela antiga União Soviética, realizado no Cazaquistão em 29 de agosto de 1949, e uma intensa busca por novas formas de utilizar a energia atômica.9 Havia consenso geral que o domínio da ciência e as tecnologias geradas eram de suma importância para o desenvolvimento de uma nação, inclusive da sua segurança.10 Com um pensamento sólido de que o progresso da ciência não poderia mais ser represado iniciou-se, também no Brasil, uma reação de membros das sociedades científicas. Como resultado concreto, ocorreu a criação do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas)11 na cidade do Rio de Janeiro, em 1949, e do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica)12 na cidade de São José dos Campos, estabelecido em 1950. Consolidando o pensamento de que somente o fomento à pesquisa e uma melhor organização de políticas públicas de desenvolvimento da ciência fariam as pesquisas novas (e as já em andamento) avançarem, foi criado, em 1951, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sob inspiração, principalmente, do Almirante Álvaro Alberto da Motta e Silva, representante brasileiro na Comissão de Energia Atômica do Conselho de Segurança da Organização da Nações Unidas (ONU). Com o apoio do Presidente da República que havia deixado o governo no início daquele ano, o General Eurico Gaspar Dutra (1883-1974) e do presidente que assumiu, Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954), o CNPq foi criado como uma agência que deveria se dedicar ao fomento da ciência e de todas as atividades relativas ao setor nuclear. A estranha dupla missão só começou a ser modificada com a criação, em 10 de outubro de 1956, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), durante o governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902-1976), com domínio praticamente total de militares com a publicação do Decreto No. 40.110.13
CRIAÇÃO DO INSTITUTO DE PESQUISAS RADIOATIVAS EM MINAS GERAIS No início do CNPq havia uma representação atípica entre militares e os cientistas que faziam parte do conselho. Havia um forte favorecimento financeiro do estudo e aplicação da energia nuclear, principalmente com interesses bélicos sendo que outras áreas da ciência eram desfavorecidas.14 Considerando o potencial mineral do estado, o então governador, e futuro Presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek planejava construir um centro atômico em Minas Gerais. Era natural colocar tal centro em uma universidade, pela proximidade com cientistas já estabelecidos. É interessante notar que a produção brasileira de urânio só começou muito depois, em 1982 no município de Caldas (Minas Gerais). A mina abasteceu durante 13 anos a usina nuclear Angra 1 e em 1995 a unidade encerrou sua produção. Minas Gerais foi o primeiro estado a produzir urânio no Brasil, com a operação da mina de Caldas entre 1982 e 1995. A Universidade de Minas Gerais (UMG), posteriormente Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi criada em 7 de setembro de 1927, e era inicialmente uma instituição privada subsidiada pelo Estado. Sua fundação decorreu da união entre quatro escolas de nível superior que então existiam em Belo Horizonte: a Faculdade de Direito (criada em 1892 em Ouro Preto e transferida para a atual capital em 1898), a Escola Livre de Odontologia (1907), a Faculdade de Medicina (1911) e a Escola de Engenharia (1911). Em 22 de agosto de 1952 foi criado na UMG, o Instituto de Pesquisas Radioativas (IPR), a primeira instituição brasileira dedicada inteiramente à energia nuclear para a prospecção de minérios radioativos, estudo da física e da química nuclear, metalurgia e materiais de interesse para o setor. O primeiro instituto voltado para pesquisas nucleares, hoje Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), surgiu como resultado de um convênio entre a Escola de Engenharia (Figura 1) da Universidade Federal de Minas Gerais e o governo estadual. Na instituição mineira, seriam desenvolvidas as atividades do chamado Grupo do Tório, que estudaria um reator movido a esse combustível, que é abundante no país.15
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O CONVITE PARA O CIENTISTA Com a disposição militar pela possível produção de uma bomba nuclear pelo Brasil e a busca de cientistas por aplicações mais nobres do uso da energia nuclear, Oppenheimer foi convidado pelo CNPq para vir ao Brasil pela primeira vez em 1935.16 O convite à Oppenheimer decorre do forte impacto que o Projeto Manhattan gerou no panorama nuclear global. A visita do cientista a Belo Horizonte aconteceu por forte influência e apoio do professor Francisco de Assis Magalhães Gomes (1906-1990) que foi um dos fundadores do IPR, e Diretor da Escola de Engenharia da UFMG. Tinha como o objetivo principal expandir as aplicações pacíficas da energia nuclear no Brasil. A participação dele no Conselho Deliberativo do CNPq permitiu a liberação de recursos que levaram a instalação do IPR na UFMG. No documento No. 31 de 9 de julho de 1953 (Figura 2), o professor Francisco Magalhães escreve ao Presidente em exercício do CNPq, Coronel Orlando Rangel, e confirma que após ter retornado da capital federal na época, a cidade do Rio de Janeiro, tudo estava preparado para a visita de Oppenheimer a Belo Horizonte. O diretor da Escola de Engenharia entre 1944 e 1964, Mário Werneck de Alencar Lima (1904-1976), propôs colocar o cientista como hóspede oficial. Para acompanhar e auxiliar Oppenheimer, se colocaram à disposição vários membros do IPR, entre um dos seus fundadores o Professor Djalma Guimarães (1894-1973), que como o Professor Francisco Guimarães também fez parte da fundação do CNPq. O vice-governador e depois Governador e Ministro da Educação e Cultura, Clóvis Salgado da Gama (1906-1978), ficou encarregado de analisar a parte da visita que envolveria oficialmente o governo estadual. O Instituto de Tecnologia Industrial (ITI), instalado inicialmente em dependência da Escola de Engenharia da UFMG e, após, no Instituto de Química da Escola de Engenharia da UFMG, na Rua da Bahia 52, também deu apoio a visita.
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CHEGADA AO BRASIL Apesar das turbulências políticas que atravessava, o pesquisador embarcou no navio SS Uruguay17 e teve uma agradável visita tanto do ponto de vista científico como familiar quando chegou ao Brasil.1 Em 25 de junho de 1953, Oppenheimer chegou à cidade do Rio de Janeiro com sua família e permaneceu no Brasil até 1 de agosto. Durante sua estada no Brasil (que incluiu as cidades Rio de Janeiro, RJ; São José dos Campos, SP; São Paulo, SP; Belo Horizonte, MG e Ouro Preto, MG), Oppenheimer se reuniu com cientistas brasileiros e autoridades do governo para discutir o potencial de pesquisa e desenvolvimento nuclear no país. Em sua visita Oppenheimer ressaltou seu compromisso, após o término da Segunda Grande Guerra, com o uso responsável da tecnologia nuclear e consequente busca de cooperação científica internacional com fins pacíficos. A visita contribuiu para discussões e iniciativas mais amplas relacionadas à pesquisa e desenvolvimento nuclear no Brasil, nas quais as instituições estavam envolvidas.
EM BELO HORIZONTE Pela programação planejada pelos membros do IPR (Figura 3) o cientista norte-americano deveria chegar no Aeroporto da Pampulha, onde já seria recepcionado por uma comissão, numa segunda-feira, dia 20 de julho de 1953, e a visita terminaria com a volta para o Rio de Janeiro no sábado, dia 25 de julho. Após o acolhimento em sua chegada, haveria um deslocamento para a parte urbana da cidade onde Oppenheimer concederia uma entrevista aos veículos de imprensa. As atividades retornariam somente no dia seguinte, 21 de julho, às 10 horas, quando o pesquisador conheceria de forma detalhada as instalações da Escola de Engenharia, do IPR e do ITI.
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O jornal Folha de Minas de 19 de julho de 195318 e o jornal Diário de Minas de 22 de julho de 1953,19 também trouxeram todos detalhes da programação prevista para a estada de Oppenheimer na capital mineira. Durante sua permanência em Belo Horizonte, o cientista ficou hospedado no Hotel Normandy, na rua Dos Tamoios, 212. O Folha de Minas de 21 de julho de 1953 indica que o CNPq ofereceu, no restaurante Normandy, um jantar de boas-vindas para o cientista. Do evento participaram o vice-governador professor Clóvis Salgado, Édio Vieira de Azevedo e sua esposa, Francisco de Magalhães Gomes, Francisco Sá Lessa e esposa, Orlando Rangel e esposa, Francisco Barcelos Corrêa, Eduardo Schmidt e esposa, Willer Florêncio, Djalma Guimarães e esposa, Ana Olga Barros Barreto e Enid Santos. No jornal Estado de Minas de 23 de julho de 1953, afirma-se que uma linda água-marinha foi oferecida a esposa de Oppenheimer, Katherine Vissering Oppenheimer, conhecida como Kitty, que era bióloga e botânica.20 Diário da Tarde, 20 de julho de 1953, página 1:
Entrevista inicial Na entrevista que Oppenheimer concedeu aos veículos de comunicação, como expresso no Diário de Minas de 21 de julho de 1953, afirmou:
O cientista com o propósito de auxiliar a estruturação da indústria nuclear no Brasil, nunca escondeu, nem mesmo da imprensa, o que pensava sobre a localização das futuras unidades atômicas em nosso país, devido a comparações com os processos de implementação nos Estados Unidos e no Canadá. Nos Estados Unidos, onde o minério não era muito rico, era mais conveniente a construção de usinas e centros de pesquisa próximo aos depósitos, pois, se muito distante o valor do transporte aumentaria os custos finais. Ele afirmava que, no sudoeste do país, essas instalações ficavam a menos de 80 km da origem dos minérios. No Canadá, devido ao isolamento geográfico de alguns depósitos minerais, pensava Robert Oppenheimer, compensava a implantação de plantas nucleares distantes desses pois, o minério era rico.22 Na entrevista também falou sobre as relações entre o Brasil e os Estados Unidos no campo das pesquisas sobre energia atômica. Afirmou que o entendimento era o melhor possível entre os cientistas, entre as nações, não tanto, devido a limitações estratégicas. Ressaltou, porém, que as limitações não deveriam durar muito tempo, pois do outro lado da "Cortina de Ferro" as pesquisas estavam avançadas.
Falou também sobre a seu pensamento sobre aplicação da energia nuclear no mundo futuro. A declaração, segundo Oppenheimer, foi feita interpretando os desejos do povo e do governo norte-americanos, que tudo fariam para garantir um mundo livre e sem guerras.
Finalizou elogiando os trabalhos dos técnicos brasileiros.22 O cientista passava por uma fase turbulenta, com várias perseguições políticas em seu país. Durante o tempo que permaneceu no Brasil foi monitorado por aparatos de inteligência do Governo dos Estados Unidos da América. É possível que até mesmo os professores mais próximos a ele, como alguns da Universidade de Minas Gerais (UMG), posteriormente Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e outros contatos, também tenham sido alvo de monitoramento.7 Oppenheimer na Escola de Engenharia/UFMG Seguindo o planejamento, na quarta-feira, 22 de julho, ocorreria uma recepção pública na Escola de Engenharia, e às 20 horas a tão esperada conferência (Figuras 4 e 5), que inicialmente seria sobre "O progresso da ciência" (The progress of science), mais especificamente sobre os avanços da aplicação da radioatividade para fins pacíficos.
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Em uma carta do professor Francisco Magalhães a Oppenheimer, na qual demonstrou sua satisfação e agradecimento com a apresentação, é revelado que a Conferência apresentada na Escola de Engenharia foi gravada em seis discos e foi enviada em 03 de agosto de 1953 ao cientista (Figura 6).
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Viagem turística para Ouro Preto e retorno Partindo para a parte turística da viagem, no dia 23 às 8 horas da manhã, Oppenheimer saiu de Belo Horizonte com destino a cidade de Ouro Preto, logo após a chegada almoçaram e durante a tarde visitou a antiga capital do estado, retornando ao final da tarde para o local onde estava hospedado. Na sexta-feira o cientista aproveitou para descansar e retornou no sábado pela manhã, saindo de avião do Aeroporto da Pampulha com destino à capital federal, o Rio de Janeiro.
UMA MENSAGEM QUE OPPENHEIMER DEIXOU Uma mensagem que Robert Oppenheimer procurava deixar em sua conferência, como a que fez em Belo Horizonte foi:
Em 21 de outubro de 1954, após Oppenheimer ter voltado aos Estados Unidos, o professor Francisco Magalhães recebeu de Oppenheimer o livro com a transcrição da audiência perante o Conselho de Segurança de Pessoal, da Comissão de Energia Atômica dos EUA, que ocorreu em Washington DC de 12 de abril de 1954 até 6 de maio de 1954. No texto há uma apresentação de uma versão da qual as informações consideradas de segurança nacional não estão presentes. Uma consequência notável da visita de Oppenheimer ao Brasil foi a criação, no ano seguinte (1954), da Comissão Nacional de Energia Atômica que viria se tornar a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Esta comissão desempenhou um papel crucial na definição do programa e das políticas nucleares do Brasil. A visita de Oppenheimer ao Brasil ressalta seu compromisso pós-guerra com a cooperação científica internacional e o uso responsável da tecnologia nuclear. Embora a sua visita possa não ser tão lembrada como as suas contribuições para o Projeto Manhattan, reflete, no entanto, o seu impacto mais amplo no panorama nuclear global. No encerramento de sua visita ao Brasil Oppenheimer falou, durante a seção plenária do conselho deliberativo do CNPq, sobre as diversas questões ligadas a pesquisa científica e ao desenvolvimento da energia atômica no Brasil e aproveitou a oportunidade para transmitir suas impressões sobre as visitas que realizou aos diversos centros científicos do Brasil. Em 25 de julho de 1953, o Jockey Club do Rio também homenageou Oppenheimer. Além das reverências protocolares recebidas de membros, o cientista participou de um almoço especial oferecido a ele na sede do clube.25
O LEGADO DE OPPENHEIMER NO BRASIL Julius Robert Oppenheimer, com sua visão sobre as mudanças e os efeitos que a ciência pode causar no mundo, influenciou gerações de pesquisadores brasileiros. Este é um dos grandes exemplos de dedicação à ciência. Na sua estadia no Brasil, destacou a relevância do uso racional da energia nuclear para fins pacíficos. No final de 1953, enfrentando as tramas do Presidente da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos, Almirante Lewis Lichtenstein Strauss (1896-1974), a secretária de Oppenheimer o presenteou com um disco de uma renomada cantora brasileira, Balduína de Oliveira Sayão (1902-1999), mais conhecida como Bidu Sayão, para que ele pudesse distrair-se e diminuir um pouco a pressão do momento que vivia. Um ano após a visita a Belo Horizonte, Oppenheimer foi afastado de todas as funções que exercia nos Estados Unidos, relacionadas à pesquisa em energia nuclear. A ligação entre Robert Oppenheimer, o Brasil e o Projeto Manhattan também se revelam através de um dos mais importantes pesquisadores da mecânica quântica: David Joseph Bohm (1917-1992), que foi orientado durante seu doutorado por Oppenheimer, e foi professor de Física Teórica na Universidade de São Paulo (USP) entre 1951 e 1955.26 Outro pesquisador, Frank Friedman Oppenheimer (1912-1985), irmão mais novo de Robert Oppenheimer, também teve a oportunidade de atuar como professor no Brasil, assim como Bohm. No entanto, os Estados Unidos, por meio do Departamento de Estado, não emitiram o passaporte necessário para sua vinda.
CONCLUSÕES Oppenheimer foi uma personalidade polêmica, admirada por sua brilhante contribuição à ciência, mas também criticada por sua associação com o desenvolvimento de armamentos de destruição em larga escala. Seu legado, cheio de nuances e incertezas, continua gerando discussões acaloradas, levantando dúvidas sobre a responsabilidade ética dos pesquisadores quanto à aplicação de suas invenções e às consequências dessas tecnologias para o futuro da humanidade. O trabalho de Oppenheimer na área de energia nuclear influenciou diversos programas nucleares. O pesquisador foi inspiração para muitas gerações que vieram após o Projeto Manhattan. Em Minas Gerais, durante sua visita ao Brasil em 1953, expressou de forma contundente que ele tinha fé na paz e que para alcançá-la, não se precisava de armamentos. Na capital, Belo Horizonte, orientou cientistas e políticos sobre a implantação de usinas para produção de energia nuclear e a importância do Estado de Minas Gerais no contexto, visto que vastos depósitos minerais estavam presentes em seu território. Alertou que as plantas nucleares no Brasil, por questões econômicas e logísticas, deveriam ficar próximas do Estado de Minas.
DECLARAÇÃO DE DISPONIBILIDADE DE DADOS Nenhum dado novo foi gerado neste trabalho. Todas as informações estão disponíveis no texto ou nas referências consultadas.
AGRADECIMENTOS Os autores gostariam de agradecer ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela ajuda financeira; à Profa. Maria Laura Magalhães Gomes pela permissão, em nome da família do professor Francisco de Assis Magalhães Gomes, para reproduzir as fotos 3 e 4; ao professor Roberto Pellacani Guedes Monteiro pela gentileza de nos emprestar algumas horas da Biblioteca do CDTN/CNEN e à Biblioteca Pública de Minas Gerais, pelo uso da sua Hemeroteca.
REFERÊNCIAS 1. Nascimento, C. K.; Braga, J. P.; Quim. Nova 2011, 34, 1888. [Crossref] 2. Braga, J. P.; Nascimento, C. K.; A Visita de Marie Curie ao Brasil, 1a ed.; Livraria da Física: São Paulo, 2017. 3. Braga, J. P.; Nascimento, C. K.; Maria Sklodowska-Curie w Brazylii, Polska Akademia Nauk - Polskie Towarzystwo Chemiczne, 1ª ed.; Centrum Materiałów Polimerowych i Węglowych PAN: Gliwice, 2017. 4. Nascimento, C. K.; Braga, J. P.; Nature 2017, 551, 440. [Crossref] 5. Nascimento, C. K.; Braga, J. P.; Quim. Nova 2019, 42, 361. [Crossref] 6. Nascimento, C. K.; Braga, J. P.; Quim. Nova 2021, 44, 536. [Crossref] 7. Bird, K.; Sherwin, M. J.; American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer; Vintage Books: New York, 2006. 8. Tomonaga, M.; Journal for Peace and Nuclear Disarmament 2019, 2, 491. [Crossref] 9. Ll'kaev, R. I.; Ryabev, L. D.; Phys.-Usp. 2022, 65, 488. [Crossref] 10. Strathern, P.; Oppenheimer e a Bomba Atômica, 1ª ed.; Zahar: Rio de Janeiro, 1999. 11. Tolmasquim, A. T.; Rev. Bras. Ensino Fis. 2024, 46, 20230285. [Crossref] 12. Santos, R.; J. Aerosp. Technol. Manage. 2010, 2, 261. [Crossref] 13. Ministério da Educação e Cultura; Decreto No. 40.110, de 10 de outubro de 1956, Cria a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e dá Outras Providências; DOFC de 10/10/1956, p. 19305. [Link] acessado em agosto 2025 14. Andrade, A. M. R.; Santos, T. L.; Bol. Mus. Para. Emilio Goeldi 2013, 8, 113. [Crossref] 15. Moreno, M. Q.; Humanismo e Ciência Para Francisco de Assis Magalhães Gomes, 1ª ed.; Editora UFMG: Belo Horizonte, 2006. 16. O Jornal 1953, 10161, 1. 17. O Jornal 1953, 10160, 2. 18. Folha de Minas, de 19 de julho de 1953, p. 3. 19. Diário de Minas, de 22 de julho de 1953, p. 2. 20. Estado de Minas, de 23 de julho de 1953, p. 3. 21. Diário da Tarde 1953, 9487, 1. 22. Diário de Minas, de 21 de julho de 1953, p. 3. 23. Correio da Manhã 1953, 18506, 6. 24. Periódico Ciência e Cultura 1953, 3, 170. [Link] acessado em agosto 2025 25. O Jornal 1953, 10184, 1. 26. Freire Junior, O.; Paty, M.; Barros, A. L. R.; Estudos Avançados 1994, 8, 53. [Crossref]
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